A AIDS (Síndrome da imunodeficiência
adquirida), segundo o Ministério da Saúde é uma doença causada pelo vírus HIV,
que ataca o sistema imunológico por conta da destruição dos glóbulos brancos,
diminuído desta forma a capacidade do organismo humano de se defender de
doenças causadas por microorganismos que normalmente não são capazes de
desencadear males em pessoas que possuem o sistema imunológico normal.
Desde o seu surgimento em 1981 o vírus HIV,
tornou-se um marco na comunidade humana global, uma vez que atinge qualquer
região do globo terrestre, dependendo apenas do comportamento humano. Seus
danos às populações são extensos, e vem sendo amplamente discutidos pela
comunidade científica e população em geral.
Segundo Szwarcwald, Castilho & Brito
(2000), no Brasil juntamente com outros países como a Etiópia, a extensão da
epidemia se configura de forma generalizada, uma vez que não é restrita apenas
às subpopulações de comportamento de risco, além da prevalência entre gestantes
ser superior a 5% da população atendida. Estima-se assim, que existem 630 mil
brasileiros infectados com o vírus HIV em 2007 segundo o Ministério da Saúde.
Após sua propagação no país, o perfil dos
portadores do vírus HVI vem sofrendo amplas mudanças, visto que inicialmente
atingia a população masculina, com práticas homossexuais (71% dos casos em 1984),
e hemofílicos, principalmente nas regiões das principais metrópoles
brasileiras, porém atualmente percebe-se um quadro de heterosexualização, uma
vez que, aumentou-se a transmissão pelo contato heterosexual (de 6,6% em 1988
para 39,2 em 1998), ocorrendo o crescimento do caso em mulheres.
Segundo Remor (1999) a infecção pelo vírus HIV
não gera intrinsecamente nenhum componente que justifique alterações
psicológicas, exceto apenas nos casos em que há prejuízo na estruturas
neurológicas. Mas percebe-se que os portadores apresentam alguma alteração
emocional, seja no momento em que recebe a notícia de sua soro positividade,
seja apenas na suspeita de estar infectada pelo vírus, e até mesmo quando já
convive com o vírus é provável que apareçam alterações emocionais. Desta forma
os indivíduos que suspeita da possibilidade de serem soro positivos podem
apresentar choque por conta do diagnóstico e pela possibilidade de morte, medo
e ansiedade pelos aspectos relacionados à doença e prognóstico, além dos efeitos
das medições, rejeição, raiva e frustração, culpa e problemas obsessivos. Já no
momento em que recebem a confirmação de sua soro positividade tendem a
apresentar características antes descritas apenas para pacientes com câncer ou
doentes terminais, uma vez que ocorre grande estigma associado a AIDS, sendo o
choque emocional, negação, agressividade, pacto/ barganha (busca de soluções
para o problema), depressão e aceitação. Essas fases não necessariamente
ocorrem de forma gradual.
Já durante a evolução da
doença a resposta emocional dada pelo paciente refere-se a respostas de
ansiedade e depressão visto que se depara com uma possível perda de autonomia,
sentimentos de culpa, temor de ser rechaçado, medo da perca de amor e medo de
abandono, medo de contagiar, dificuldades econômicas etc. Desta forma torna-se
necessário uma intervenção minuciosa no sentido de amenizar a ansiedade e
depressão destes sujeitos para que tais quadros não ultrapassem o esperado
trazendo para o indivíduo claros efeitos negativos sobre sua qualidade de vida.
É
indiscutível a necessidade da atuação de profissionais da área da psicologia em
meio a pacientes soropositivo, seja em psicoterapia individual com pacientes
internados, em psicoterapia de grupo com os pacientes e familiares, em
aconselhamentos no pré/ pós teste, ou com profissionais que lidam com tais
pacientes segundo Rasera & Japur (2003). No trabalho em grupo as
experiências relatadas são diversas, sendo de grupos psicoeducativos de
orientação cognitiva comportamental, grupos abertos, grupos fechados e grupos
de auto-ajuda. A eficácia de tais grupos tem sido comprovada (Rasera &
Japur apund Kelly ET AL., 1993; Levine ET AL., 1991), uma vez que possibilita
ao paciente uma fonte de apoio e encorajamento, fazendo diminuir seus medos,
ansiedade e sensação de isolamento, desta forma proporcionando novas maneiras
de lidar com o vírus. “As intervenções grupais capacitam seus membros a
desenvolver um senso mais positivo de si próprio, serem mais ativos e seguros, havendo
aumento de autoestima e o encontro de novos significados na vida” (Rasera &
Japur., 2003).
As formas de
constituição dos grupos causam algumas divergências, visto que alguns autores
sugerem grupos formados por pacientes no mesmo estágio da doença, outros
afirmam ser possível experiências positivas com pacientes em estágios
diferentes. Além da homogeneidade segundo a forma de contaminação, parece
facilitar o processo de coesão e desenvolvimento do trabalho em grupo.
Desta forma a
psicoterapia de grupo direcionada a pacientes soro positivo constitui-se um fator de suma importância, uma vez que
tais pacientes encontram-se em alto grau de sensibilização
emocional. Para tanto é necessário
um trabalho voltado para alívio dos sintomas gerados por tais fatores, bem como
para a aceitação da doença e do seu tratamento, através do fortalecimento emocional do indivíduo; possibilitando o
encontro de histórias comuns, a percepção das semelhanças e diferenças, além de
proporcionar uma melhor reinserção deste individuo na sociedade, melhorando
também sua perspectiva de vida.
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